sábado, 23 de outubro de 2010

O SWU que a Globo não mostrou


Com a vinda do Rage Against The Machine pro Brasil, meu marido ficou empolgado, e claro, caí de pára quedas no SWU, arrastando ao evento conosco uma galera.
Sempre vamos a shows e tentamos fazer o possível pra não passar apuros. Chegamos cedo pra não pegar trânsito, roupas confortáveis, bem agasalhados, com direito a capa de chuva e tudo mais.
O evento aconteceu no Maeda, um pesqueiro próximo a Castelo Branco em uma estradinha de cinco km; conhecíamos o local e a dificuldade de acesso e seguimos as dicas do site oficial do evento parando nosso carro no kartódromo de Itu, pra colaborar com a sustentabilidade e evitar o trânsito. Compramos o bilhete de ida e volta do ônibus e seguimos para o show.
Super frio, nota zero pra revista na entrada, belíssima produção; com direito a roda gigante e tudo mais.
Fomos ao bar e para nossa surpresa a única bebida alcoólica CERVEJA!!! Vai esperar o que de uma balada que não tem mé?! Diria o sábio Mussum. Nadinha pra amenizar o frio e dar uma animada.
Pra que beber cerveja numa balada com banheiros tão poucos e distantes?
Começou o show. O vocalista fez apologias sem nenhum fundamento ao MST... O som parou duas vezes e os caras continuaram tocando. O público com cara de interrogação. Começou a gritar: “- SWU vai tomar no cú!!!”Que gafe!!! Logo após o mesmo público tenta invadir a área vip e começou o aperta aperta... alguém assumiu o microfone e pedia passinhos pra trás.
Foi nessa parte que resolvi esperar o fim do show comendo alguma coisa. Não havia infra estrutura para o atendimento. As duas chapas na barraca de lanches não davam conta de atender a demanda, as duas funcionárias só atendiam garotos que passassem alguma cantadinha infame, e nessa brincadeira eu demorei uns quarenta minutos pra pegar meu lanche e só o recebi porque surtei!
Ah!!! Os lixos ficavam longe da praça de alimentação e a galera jogava tudo no chão. Uma mocinha do evento subiu num latão e começou a reclamar. Mas recusou-se a ouvir que o lixo estava muito longe.
O show acabou e fui à Roda Gigante onde era ponto de encontro meu, do Reme e de todo show.
Saída super civilizada era umas onze e meia da noite, e fomos pra suposta fila aguardar o ônibus que nos levaria até nosso estacionamento.
Duas da manhã estávamos congelando e não havia uma boa alma que desse informação sobre a chegada dos ônibus.
Nenhum banheiro disponível, nenhum lugar pra comprar água. Quem saiu do show não podia mais entrar, e as pessoas do staff não tinham nenhuma informação. Procurei o posto policial na entrada do evento e recebi a seguinte resposta: “- Sra. não estamos aqui pra dar informação, somente pra evitar confusão!”. Então eu disse: “- Senhor, a gente precisa de ajuda, estamos presos aqui, não temos como ir embora.” Ele respondeu: “- Não temos nada com isso! Procure a delegacia mais próxima”.
Também passou o carro de reportagem da Globo, fui na janela, pedi que filmassem a fila, explicando o que acontecia e tive como resposta: “- Nós viemos filmar o show!!!”
Voltei pra fila, nos encostamos pra tentar amenizar o frio e ficamos sem informação até quatro da manhã, observando o pessoal que ia ficar no camping andando de um lado pro outro arrastando suas malas também sem nenhuma informação, até que um dos seguranças disse:
“-Pessoal, são quatro da manhã, os ônibus não virão!!!Desçam a pé que talvez na beira da estrada consigam algo melhor.”
Ninguém reagia. O pessoal estava tão cansado e tão civilizado que pareciam dopados pelo excesso de decepção e frio.
Meio descrentes, seguimos a pé na estradinha de terra que cabia dois carros e nós no meio deles, esmagados nos retrovisores... as viaturas tirando finas propositais nos jogavam contra o morro, um ônibus veio pra cima com tudo... então decidimos cortar por um estacionamento que dava pra ver a estrada. Tipo Lost...
Mais de 40 minutos de caminhada e chegamos à beira da estrada. Várias viaturas cheias de policiais mais preocupados em chavecar as menininhas apavoradas do que em ajudar. Não forneciam sequer telefones de táxis...
Estava morta, congelada, com vontade de chorar; depois de uma longa espera, um táxi parou no acostamento esperando algumas pessoas. O Reme correi na janela do cara pediu ajuda e foi quando os quinze quilômetros até Itu custaram cem reais.
A beira da estrada cheia de jovens indo a pé porque muito provavelmente não tinham nenhum dinheiro a mais no bolso pra um táxi milionário.
Havia jovens dormindo em todos os lugares da cidade, encolhidos de frio, cobertos pela capa de chuva... chegamos em casa moídos e decepcionados sete da manhã.
Entramos no site, buscando alguma informação e não só não encontramos nada, como observamos que a parte reservada para postagens e expectativas havia sido excluída.
O fato é que os ônibus deviam estar na saída antes do show acabar, já que o acesso é uma única via e todos estariam saindo, impossibilitando a chegada para levar o pessoal ao estacionamento.
A única parte sustentável de um evento tão mal organizado foi o bolso de quem organizou.

Um comentário:

  1. Caraca Aninha que roubada...
    sustentavel não...o evento foi para sustentar quem organizou...kkk

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