sábado, 7 de agosto de 2010

De repente 30


Chegar aos trinta é confuso. Você está mais segura, mas na véspera do aniversário pira de insegurança... é como querer mudar de emprego, marido e família, e ao mesmo tempo não querer mudar nada.
É como criar consciência do desejo do controle da própria vida.
É a fase onde você tem consciência de que precisa fazer um regime, mas se sente bonita cheinha...
É como se mudasse um ciclo, e os três meses que antecedem a mudança viram uma TPM constante, uma agressão aos hormônios e ao universo.
Eu que sou festeira, passei meu aniversário de 30 aos nervos cada vez que alguém perguntava:
“- Quantas primaveras?”
Não quis festa, nem sair com amigos. O melhor que fiz foi ir ao cinema, pra não ter que conversar com ninguém... nem com meu marido! Assistimos “Se beber não case”, e como o filme é muito engraçado e deu uma levantada no humor.
A loucura era tanta que quatro dias depois do meu aniversário iniciava a terapia.
Os problemas eram vários... coisas de gente louca.
Cheguei à conclusão que a bunda de vinte e cinco, não é igual a bunda de trinta...
Já quando era magra me achava gorda.
Que um duende maligno, cava fundo nas minhas coxas enquanto eu durmo.
Que minhas roupas encolhem só pra me irritar.
Que hoje sou segura o suficiente pra sair de casa com uma roupa freak e uma flor de dona do puteiro nos cabelos, sem me preocupar com a opinião alheia.
Que fofoca é coisa de gente que não transa.
Que posso tudo aquilo que quero.
E que o que mais quero é amor e respeito, o resto é conseqüência.
Que o importante é ser feliz!
Percebi que quem gosta de mulher magra estilista, e que a grande maioria nesta categoria é gay.
Percebi que as pessoas amam pessoas que se amam. E que a mesma perspectiva é válida para o respeito.
Percebi ainda que atravessar a rua e receber buzinadas dos motoboys; ou ainda passar em frente uma construção e ser chamada de delícia é sinal de regime urgente! Chamo de termômetro da gordura.
Percebo que cada fase da vida é única e melhor, e que nada deveria ser diferente do que é.
Que a vida da mulher de trinta é insana; dividida entre ser uma executiva de sucesso, trabalhar, estudar, casamento, coisas de mulher, família, amigos, cuidar da casa e domesticar a doméstica...sempre fazendo escolhas; das mais simples às mais complexas: remendar a unha, secar o cabelo, tomar café da manhã, ou dormir mais meia hora... Fazer janta, ou esperar o marido cheirosa... Ser mãe ou ser promovida. Que cada dia mais brigamos por direitos iguais, e a única proporção que aumenta é a de obrigações. Cada vez fazemos mais, levando a uma disparidade de funções sem tamanho, além da perda da referência de ser mulher; porque nos falta tempo para isso.
Que eu queria mesmo era a máquina do tempo pra voltar e dar na cara da filha da puta que queimou o sutiã.
O tempo escasso da vida de mulher maravilha nos leva à escolha sórdida entre o cabelo bonito, ou a bunda bonita... pra que reste um pouquinho do “ser mulher”.

4 comentários:

  1. Uma "loucura insana" por mais reduntante que seja essa frase, mas o especial desta fase é que nossas escolhas passam a ser mais racionais e isto nos leva a voos mais altos.
    E viva os 30 !!!!!!!!!!!!!

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  2. Pode-se notar através do seu texto bem construído como são belas as inquietudes das mulheres. Cabelo tem que ficar bonito, unhas arrumadas, sem a tal da celulite, estrias, e outros mostros pejorativos.

    E aquela coisa de ser desejada não escapa nunca de mulher alguma. Todas sem excessão querem ser cortejadas, e para tanto conta muito ponto ter aquele "visual" sempre aprimorado.

    Bom fim de semana Ana.

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  3. Aninha,
    conclusões que chego: quem gosta de osso é cachorro e não homem....no mês do aniversário ficamos no inferno aastral e nada parece dar certo....o corpo de 15, 18 ou 20....era o corpo de 15, 18 ou 20...e que se aceitar é uma das melhores virtudes que podemos ter....acho que sou feliz assim...to me achando...bacana...gostosa um mulherão...mesmo com uns quilinhos a mais....
    bjos

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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