quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Fernão Capelo Gaivota: o vôo de nós mesmos


"Era de manhã e o novo sol cintilava nas rugas de um mar calmo...” Com frases oxigenadas de silêncio, liberdade e dor, a escrita de Richard Bach traz a história de Fernão Capelo, uma gaivota que desejava ir além de si através de suas asas.
Ele tentava a todo custo ultrapassar o próprio limite alçando e planejando vôos que pudessem cortar o céu, as nuvens e o infinito. Chegou a subir trezentos metros, mas se atrapalhava com as asas. Seus pais sempre diziam para que ele tivesse como objetivo não o vôo rasante e rápido, mas o alimento.
“A vida é o desconhecido e o desconhecível, mas não podemos esquecer que estamos este mundo para comer e para nos mantermos vivos tanto quanto pudermos” dizia o pai.

E ele não queria ouvir. Sua obsessão em se superar era gigante. Até que um dia ele conseguiu o que ele queria, indo muito longe e voando por mais de 300 quilômetros por hora. Ele aprendeu a dormir no ar e a pegar peixes raros, utilizando o mesmo controle interior, atravessou nevoeiros cerrados e “subiu acima deles para céus estonteantes de claridade...”

Todo feliz de si, encontrou o bando e contou o feito. E foi desligado do grupo acusado de ser irresponsável. Ele voou mais longe ainda...E encontrou uma resposta muito importante para sua construção enquanto pássaro...

“A única resposta que encontro, Fernão, é que você é um daqueles pássaros que se encontram num milhão. Quase todos nós percorremos um longo caminho. Fomos de um mundo para outro, que era praticamente igual ao primeiro, esquecendo para onde íamos, vivendo o momento presente. Tem alguma idéia de por quantas vidas tivemos de passar até chegarmos a ter a primeira intuição de que há na vida algo mais importante do que comer, ou lutar, ou ter uma posição importante dentro do bando? Mil vidas...dez mil! E depois mais cem até começarmos a aprender que há uma coisa chamada perfeição, e ainda outras cem para nos convencermos de que o nosso objetivo na vida é encontrar essa perfeição e levá-la ao extremo”...

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