quinta-feira, 14 de março de 2013

Rodopiando


Num ritual antigo quase automático, escolheu o vestido preto, nem tão colado, mas com muito brilho e sandálias azul claro que não machucavam os pés e deixavam as unhas vermelhas de fora.
Secou rapidamente os cabelos, rezando para que não chovesse. Pintou o rosto. Delineador preto, batom vermelho e muito rímel.
E assim, saiu na companhia de sua melhor amiga; precisava disso.
Tanto havia passado e ao mesmo tempo nenhum.
E elas estavam lá, no mesmo lugar, agora repaginado, rainhas da noite.
Liam o pensamento uma da outra, dotadas de uma energia que encanta, cativa e ao mesmo tempo incomoda.
Um poder misterioso, quase que descontrolado.
Aos poucos perderam- se na balada... muita gente, muito quente, muita música! Boa música!
Fez um coque no cabelo por causa do calor e com um copo de whisky na mão perdeu-se na pista. Dançou até que os pés adormecessem, avistou fantasmas, mas também conversou com anjos.
Dançou mais, bebeu mais uma dose. Riu de si mesma. Dançou consigo.
Olhou pára os lados, conhecia a todos, mas não conversava com ninguém. Curtia o som, sozinha!
Rodava na pista, na mesma velocidade de seus pensamentos.
Ela estava ali... tão livre, que conseguia respirar e reorganizar as idéias.
Ela tinha o coração leve, os olhos fechados e o corpo solto.
Abriu os olhos e deu de cara com o olhar já descontrolado de sua melhor amiga, que ria sem parar encostada no balcão do bar a espera de um momento sublime.
Elas se aproximaram e deram as mãos. Começaram a rodopiar como se fossem crianças e a gargalhar de um modo contagiante.Juntas, podiam voar.
Rodopiaram com tanta velocidade que voltaram no tempo, num lugar só delas, onde ficar triste não era permitido...
E estão lá, até agora, gargalhando e rodopiando, com as cabeças jogadas para trás, o vento nos cabelos, sentindo a energia sublime da verdadeira amizade.


Para Luciana Bicineri.

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